terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Antes do Começo #8 - Primeiros rascunhos dos personagens

Para o primeiro post de 2024, pensei em trazer um dos meus tesouros perdidos no tempo. Sempre fui muito cuidadoso com meus pertences, e devo ser um daqueles sortudos que ainda têm guardado quase todos os desenhos da infância. Vez ou outra volto para olhar esses rabiscos irreverentes cheios de imaginação e me encho de nostalgia ao lembrar de dias mais simples.

O Grande Livro das Anotações Irrelevantes é provavelmente um dos meus preferidos. Datado de 9 de Novembro de 2009, acho que este foi o primeiro registro de que eu pretendia levar os meus personagens de Matéria mais a sério.

O livro (que na verdade não passa de um caderno amarelado e muito, muito velho), está repleto de anotações e desenhos dos personagens em um estágio ainda inicial, quando eu os desenhava para meus gibis. Eu invento histórias para o Ralph e seus amigos desde 2005, mas me dei conta de que a maioria delas só existiam na minha cabeça porque eu nunca cheguei a colocar nada no papel. Se eu acabasse esquecendo-as, não haveria nenhum resquício do que eu tinha inventado. Há anotações que vão de 2009 até meados de 2012, quando comecei a de fato planejar em transformar a história em um livro.

Abaixo vocês conferem uma série dos principais rascunhos que serviram como base para os personagens e vejam o quanto eles evoluíram! Mas o mais curioso é que praticamente todos eles possuem sua essência original, sofrendo algumas transformações e sendo melhorados com o tempo.

RALPH


Este é Ralph, em seu estado mais puro. Sua característica marcante era ser normal — normal até demais. No planejamento inicial ele não teria nenhuma qualidade, nenhum poder especial, seria só um garoto tentando ser especial.

Eu sempre gostei mais de meus personagens secundários, e por isso acredito que um dos meus maiores desafios como autor foi trazer um protagonista que instigasse o leitor a querer acompanhá-lo. Afinal, quem iria querer ler um livro de 400 páginas com um personagem tão... normal?

Eu não gostava do Ralph, e por isso nunca planejei nada para ele nem mesmo nesse caderno de anotações. Tive que descobrir tudo conforme escrevia o livro, então posso dizer que ele é de longe um dos personagens mais complexos que precisei inventar.


AURIA, PRIMEIRO RASCUNHO


Este é o primeiro rascunho de Auria do momento em que ela deixou de ser uma personagem feminina genérica que só servia para ser resgatada e cozinhar. Eu amo esse desenho porque ele traz toda a evolução dos elementos que transformaram a Auria no que ela é hoje — o cabelo curto rebelde, a jaqueta e o olhar.

Acredito que a base para seu novo estilo surgiu de um filme chamado Bound, dirigido pelas Irmãs Wachowskis, que também fizeram Matrix. Há uma personagem muito badass no filme chamada Corky, interpretada por Gina Gershon, e por mais que eu não me lembre dos detalhes, lembro claramente de como senti que seria incrível ter uma personagem assim como companhia para o Ralph que era sempre tão doce. Alguém que pudesse segurar o tranco nas dificuldades, mas também erguê-lo quando necessário.

Os shorts curtos que ela usava mais tarde foram substituídos por calças de ginástica (ô, glória!).

LESTEN


Meus geckos sempre foram criaturas simples. Eles eram desenhados de uma forma cartunesca e infestavam todos os meus cadernos de escola. Lembro como foi estranho para mim finalmente definir uma aparência de lagarto para eles, e o Lesten serviu como cobaia.

Posso dizer que os geckos são atualmente a raça mais importante de Matéria e o coração da obra. Eles são folgados e desleixados, mas extremamente leias e divertidos.

PETER LEE


Originalmente o Lee não fazia parte do grupo de protagonistas. Ele foi inserido tardiamente para substituir o Facade e ser alguém que aguentasse dar porrada nos outros. É interessante notar que muito pouco mudou de seu planejamento inicial para a versão final. Contudo, quem já leu os livros sabe que o Lee não funciona sem sua companheira, Hayley. Agora você já parou para pensar como seria se a Hayley fosse... diferente?


HAYLEY STANLEY


Vocês devem estar pensando que a Hayley sempre foi uma furra gostosa com poderes de cura. É ela a responsável por colocar o Lee na linha, além de construir todo o desenvolvimento de ambos. Todos os objetivos de Lee giram em torno dela, é como se os dois fossem o mesmo personagem.

Porém, lá em 2012 surgiram alguns planos de que Lee e Stanley seriam dois arruaceiros que participavam de uma gangue nas Cidades Cinzentas causando problemas e tentando uma forma de se livrar das cicatrizes de seu passado. Claramente a Hayley é a personagem que mais evoluiu de lá para cá. Pode-se dizer que parte da essência de Stanley foi transferida para o Claus, enquanto a Hayley se tornou uma personagem totalmente nova, além de trazer um ar feminino para um grupo tão predominantemente masculino com testosterona de sobra.

CLOVER

Quem já teve acesso antecipado ao Livro 2 deve conhecer a Srta. Clover como uma feiticeira poderosa e professora de Ralph na sua antiga escola. Sempre houve planos de que ela faria parte do grupo principal, mas acabou que isso precisou ser adiado até o segundo volume.

Neste primeiro rascunho é possível notar que Clover era muito mais nova e vestia roupas extravagantes. Isso porque originalmente ela era uma garota de 15 anos pertencente a uma família rica que a mantinha presa por sei lá qual motivo. O plot acabou voltando-se para Rebecca, e Clover continuou evoluindo até se tornar essa milf gostosa que conhecemos hoje.


A ORDEM DO SELAMENTO

 

Os personagens não humanos de Matéria foram os que mais deram trabalhado para serem adaptados. Toda a Ordem do Selamento precisou ser criada com base em bichinhos fofinhos de olhos expressivos. Você consegue imaginar o Aedan sendo essa coisinha fofa? É, não foi nada fácil.

Eu brinco quando chamo esse caderno de irrelevante porque há uma série de informações que parecem não servir para nada, como o fato de Aedan gostar de música eletrônica e Bill ter quatro irmãos. Esses pequenos traços de personalidade serviram para moldar os personagens até eles se transformarem no que vocês veem hoje.

E para adaptar os nomes deles? Todos terminavam como -tines, de tótines. Tutantótines, Generaltines, Cristaltines, Firetines... Olhando para trás, tive mesmo muito trabalho em pegar todas essas ideias da infância e conseguir amadurecê-las sem perder a essência.

RAEGAR, DARK AURION


Um dos personagens que eu mais queria apresentar aos meus leitores era o Raegar, isso porque ele era essa mistura de anti-herói com o personagem edgy que sempre faz sucesso nos animes. No fim das contas, ele se tornou só um bobão apaixonado, mas isso não esconde o fato de que Raegar continua sendo um dos favoritos da galera.

Nota-se que ele tinha um estilo tão bem definido que pouquíssima coisa mudou de sua aparência original. Raegar sempre teve esse jeitão despojado, ele gosta de usar correntes, jaquetonas com pelos e coturnos militares. Ah, e outra curiosidade é que seu nome ainda constava como Dark, igual nos gibis originais!

DRAKE


Drake é outro desses personagens cujo planejamento continuou o mesmo por mais de 10 anos. Ele sempre teve esse jeitão de cavaleiro austero, com ombreiras largas e uma capa esvoaçante. Uma curiosidade é que o Drake não teve nenhuma ilustração sua sendo mostrada nos livros, logo, alguns leitores acabaram por imaginá-lo do seu próprio jeito. Tendo morrido quando tinha cerca de 40 anos, alguns defendem que ele deveria aparentar ser mais velho. Esta aparência é como se ele ainda estivesse na casa dos vinte e poucos anos.

A PESTE NEGRA


Por fim, um dos meus rascunhos favoritos é o da Peste Negra (que, como podem ver, teve uma série de nomes provisórios que não funcionaram). Ele foi planejado muito antes dos livros serem escritos, e não seria exagero dizer que construí toda a saga só para ter a chance de um dia levar esse personagem ao público.

A Peste sempre carregou influência de vilões como o Black Knight, de Fire Emblem, e o Witch-King, de o Senhor dos Anéis. Sua armadura passou por uma série de adaptações (ele seria extremamente baixinho), e esse é o rascunho mais próximo da versão final. Contudo, posso afirmar que a Peste já vinha sendo planejada desde antes de 2009 como um dos maiores oponentes de Ralph. Mal posso esperar para o lançamento do Livro 2 e poder ver a reação de vocês!

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

A Peste Negra


"Vocês sabem quem eu sou [...] embora não tenham coragem de pronunciar meu nome em voz alta. Eu escolhi este livro intitulado O Capitão das Estrelas, o meu preferido dentre milhares, e leio para vocês um breve trecho em tradução livre para a língua comum: E quando seu povo se viu encurralado e sem esperança, ele surgiu diante do toque de trombetas de prata sob um alvorecer dourado. ‘Eu voltei para que todos aqueles que em mim creem tenham a salvação’, disse o Capitão das Estrelas. E todos souberam que tempos vindouros estavam por vir, pois seu salvador regressara”. — Peste Negra, Capítulo 9 - Coração de Ouro.

A Peste Negra é o principal antagonista nos Livros 2 e 3 da Saga Matéria. Apesar das proporções de um gecko, não se sabe sua raça ou aparência original. Conhecido também como o Cavaleiro Negro, é um exímio estrategista, de temperamento tranquilo e misericordioso; sua autoridade e influência remetem aos heróis do passado e acredita-se que seja um seguidor dos antigos ideais disseminados pelos Três Soberanos. Foi o responsável pela criação da cadeia de túneis que se alastra por toda a província de Constantia, fundando assim a Cidade Subterrânea.

A Peste Negra é temida pelo povo de Sellure como uma doença que não se sabe a cura. Não há informações sobre sua identidade, mas há mais de uma década ele assola o continente com ataques ocasionais e o sequestro de soldados, fazendo com que o Velho Rei e o Conselho da Matiz permaneçam alertas diante da iminência de um plano maior.


A Peste Negra foi citada nos livros pela primeira vez em um breve parágrafo do Capítulo 12 de Espada de Madeira. Apesar da guerra ocorrer como pano de fundo na história, fica claro para Ralph e seus companheiros de que essa era uma realidade distante que afetava exclusivamente a província de Constantia, e por isso, outros povos e regiões não se viam afetados.

Com a chegada do Livro 2 e a história focando no treinamento de Auria no exército, é possível acompanhar de perto a ameaça de um mal antigo que coloca todo o reino em alerta. A participação da Peste se estende até o Livro 3, quando a guerra finalmente eclode.

  • Limite da Morte [Ofensivo] – Esta habilidade garante a morte imediata da vítima (não pode ser usado em oponentes de nível superior ou igual);
  • Labaredas de Fogo [Ofensivo] - Garante o controle do elemento fogo. Permite criar e dispersar labaredas através de sua espada. Pode causar queimaduras graves;
  • Julgamento [Ofensivo] - A marca registrada da Peste Negra. Um golpe mortal que quanto mais forte é o seu adversário, mais poderoso se torna;
  • Ameaça Defensiva [Defensivo] - Diminui o ataque e a defesa de todos os oponentes próximos;
  • Terror [Defensivo] - Diante de sua presença esmagadora, os usuários são expostos a um medo incontrolável e se tornam mais suscetíveis a ataques, além de poder causar confusão e paralisia;
  • Intimidação [Defensivo] - Expõe suas defesas e aumenta consideravelmente o ataque e a velocidade durante alguns segundos. O usuário torna-se alvo;
  • Equilíbrio Mortal [Support] - Anula todos os bônus e habilidades adicionais de seu oponente;
  • Feiticeiro Ancestral [Habilidade Passiva] - Mesmo não tendo nascido com dons mágicos, o usuário é capaz de aprender magias antigas e apresenta um talento natural para se aprimorar e regenerar sua mana.
  • Liderança Plena [Habilidade Passiva] – Garante um bônus em todos os status para seus companheiros durante a batalha;
  • Arma Sagrada [Habilidade Passiva] – Um equipamento indestrutível, feito por mãos mundanas inspiradas pelas divindades. Garante um bônus de 30% no ataque do usuário;
  • Estrategista [Habilidade Passiva] – Permite que o usuário possa enxergar os níveis de energia e desvantagens do adversário;
  • Armadura Divina [Habilidade Passiva] – Uma armadura mágica que foi abençoada pelos deuses. Garante que seu usuário não receba nenhum tipo de dano, seja mágico ou físico.

"A Coroa de Ferro foi dada como derrotada, mas os anos de paz não duraram. [...] Ainda que a guerra tenha diminuído em proporções, um mal adormecido continuava atacando pequenos vilarejos, grupos de soldados desaparecem todas as semanas extinguindo toda e qualquer sensação de segurança. Os soldados apelidaram essa nova ameaça de Peste Negra."
— Capítulo 12 - Espada de Madeira.

"Se estamos seguros, você diz? O mal nunca morre. Enfrentar essa tal de Peste Negra que o substituiu é assustador até para mim, pois tememos o desconhecido.".
— Velho Rei Canas, Capítulo 15 - Alma de Diamante.

"Ninguém sabe o que é a Peste Negra. Pode ser que estejamos falando de um único homem, ou uma seita cujo ideal tenha perdurado desde os tempos imemoriais para nos assombrar. Uma ideia dura muito mais do que um ser mortal."
— Velho Rei Canas, Capítulo 20 - Alma de Diamante.

  • A Peste Negra foi baseada em dois vilões muito apreciados pelo autor: o Rei Bruxo, de O Senhor dos Anéis e o Black Knight, de Fire Emblem: Path of Radiance;
  • A Peste Negra foi uma das doenças mais letais enfrentadas pela humanidade. Não havia conhecimento o bastante para tratá-la, tendo deixado mais de 200 milhões de mortos em um dos períodos mais sombrios da humanidade. O nome do personagem foi escolhido pelo fato de que os habitantes de Sellure não sabem como enfrentar uma ameaça que apenas ceifa vidas e se espalha como uma doença;
  • Muitos nomes foram cogitados para o personagem, dentre eles: Wizard Tokay King, Benton, Whisper, Witikay e Steamko;
  • Uma de suas principais armas seria uma maça medieval, mas o equipamento acabou por ser descartado;
  • A Peste porta duas Armas Sagradas, sendo que uma delas foi roubada de um de seus companheiros durante a Guerra das Espadas. Seu nome não é mencionado, mas acredita-se ser um mago por se tratar de um cajado;
  • A Peste era um dos personagens que o autor mais ansiava para introduzir nos livros. Ele foi planejado desde antes mesmo do Livro 1 ser lançado. Em 2009 o autor chegou a escrever um arquivo de apenas cinco páginas que visava narrar os fatos partindo diretamente da guerra, sem explorar nenhum personagem antes. Por motivos óbvios, o projeto deu errado;
  • Um dos jogos que serviram de maior inspiração para a história da Peste Negra foi The Battle for Middle Earth: The Rise of the Witch King, onde o jogador acompanha a ascensão do Rei Bruxo em Angmar, reconstruindo seu exército após a queda de Sauron no fim da Segunda Era.


quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Unferis - O Mundo De Baixo

 

Conhecido como Mundo De Baixo, submundo ou mundo da antimatéria, o Unferis é a ideia do inferno pregada pelos habitantes do Reino de Sellure. Ao contrário da crença disseminada por outras mitologias, o Unferis não é um lugar de sofrimento eterno, representando apenas a transição de uma vida para a próxima dentro de um ciclo.

Sua primeira menção nos livros se deu no Capítulo 18 de Espada de Madeira quando Ralph e seus amigos se deparam com um Capiruchi, uma espécie de monstro zumbi que não está nem totalmente viva, nem morta. Sua existência é uma forte prova de que tais criaturas encontraram algum método de ligar o mundo conhecido pelos personagens com o mundo reverso, onde os mortos deveriam repousar. Para acessá-lo é preciso encontrar uma fenda que funciona como um portal entre as realidades.

No passado existiam inúmeros portais que ligavam Sellure ao Unferis. Sua existência se deve à falhas deixadas durante a construção do universo. Ao serem descobertas, as fendas são devidamente seladas pelos servos das divindades, sendo impossível utilizá-las outra vez. Atualmente sobraram pouco mais de três, e pouquíssimos são aqueles que detém conhecimento para saber como utilizá-las.

 Os Espíritos De Baixo também representam uma forte incidência de que existem forças sobrenaturais que nem mesmo a magia de Sellure é capaz de explicar, por conta disso as histórias sobre o Unferis são tão difundidas na religião.

"O Unferis é a folha em branco onde tudo tem um novo início. Não se trata de um purgatório para os que tomaram atitudes erradas, é como uma segunda chance. Essas histórias ganham força entre soldados porque são como uma fagulha de esperança, sabe? Se tu acreditar apenas que a morte é o fim, fica difícil continuar seguindo." — Lesten, Capítulo 18 - Espada de Madeira.


YLLATA, A RAINHA DA MORTE

Yllata é a responsável por guiar as almas dos mortos e prepará-las para a reencarnação, onde impõe suas regras e dá a sentença de acordo com a vida individual que cada pessoa levou. Todos que chegam ao Unferis terão de passar por seu julgamento. Ela é uma das três Divindades de Sellure.


O CASTELO E O BARQUEIRO

Também conhecido como a Casa das Infinitas Portas, o Castelo de Yllata é uma construção tão antiga que descende antes mesmo que a deusa que lhe deu o nome. Acredita-se que o castelo serviu como morada para as divindades que vieram antes, cada uma sendo responsável por torná-lo maior e mais ameaçador. 

Foi Yllata quem o colocou sob uma ilha flutuante acima de um redemoinho de lava, pois detestava receber visitas. A única maneira de acessá-lo é pagando duas moedas ao barqueiro Caron, cuja punição foi trabalhar pela eternidade sem salário. Caron adora colecionar moedas e dinheiro do Mundo De Cima, mas como o sistema monetário foi abolido no Unferis, tornou-se um comércio ilegal.

Carontes, conforme descrito na mitologia grega. 
No Unferis, Caron é um gecko mal humorado e razinza que se cansou de trabalhar de graça.


OS DEZ NÍVEIS

Os Dez Níveis estão localizados dentro do Castelo de Yllata e servem como local de trabalho daqueles que não se comportaram em Sellure. É dividido em níveis baseando-se na crueldade e problemas causados em vida, sendo o Nível 1 para crimes leves e o 10 para os mais hediondos.

Dentre algumas das punições, são mencionadas as seguintes:

Nível 2 - Andar do sono. Metade das almas está exausta e precisa dormir, e a outra metade nunca pode parar de festejar até que seus ouvidos comecem a zunir. Os dois são vizinhos.

Nível 3 - Andar da diversão. Tudo que você ama está aqui, mas você nunca vai ter tempo pra usufruir de nada porque vai aparecer algum compromisso.

Nível 4 - Andar da fartura. Uma cozinha onde alguém sempre rouba o último pedaço. Quando a alma está prestes a terminar de limpar a louça, alguém vem e coloca outro prato. Para sempre.

Nível 5 - Andar da exposição. Se materializa de diferentes formas para as pessoas. A  pior punição para os introvertidos é uma privada no centro com várias pessoas assistindo. Tudo que você faz será visto e julgado pelas outras almas.

Nível 6 - Andar das férias. As almas são enviadas a locais paradisíacos como praias e lindas montanhas. Na praia, a água recua sempre que alguém tenta se limpar para tirar a areia. Nas montanhas, nunca para de chover. Às vezes todos são atacados por nuvens de mosquitos, e a comida custa cinco vezes mais caro só para que todos passem vontade, porque nem existe dinheiro.


SMARAGDINE

Smaragdine é também chamada de Algum Lugar pelas almas recém-chegadas. É descrito como um vilarejo rural com um enorme cristal reluzente em seu centro. É dito que os cristais possuem o poder de proteção, sendo capazes de afastar a presença de espíritos malignos dos arredores.

Smaragdine é o principal refúgio no Unferis, servindo também como ponto de partida. Contudo, não são todas as almas que permanecem por muito tempo, pois depois de recebida a sentença, a grande maioria delas é encaminhada para servir no castelo, onde logo buscam a reencarnação.


BERÇO DO MUNDO

A Grande Árvore é onde residem aqueles que tiveram sua vida interrompida cedo demais. Ainda maior do que o cristal de Smaragdine, trata-se de uma árvore de dimensões colossais e totalmente oca por dentro onde toda e qualquer criatura vive em harmonia, aguardando o seu momento de se reencontrar com os entes queridos. É um local tão puro e belo que muitas pessoas não se julgam dignas de entrarem nele.


ACERVO DE TODOS OS NOMES

O acervo é uma biblioteca onde são mantidos os nomes de todos aqueles que passaram por Sellure. É comumente mantido por tótines, que possuem maior organização e disciplina para cuidar do livro particular de cada alma em ordem alfabética e ano de existência.

Dizem que o acervo do Unferis é pequeno se comparado ao de outros submundos, levando em conta que Sellure é um universo extremamente jovem.


LUGAR NENHUM, AS TERRAS DO ALÉM


O Unferis é uma terra gigantesca e inexplorada, muito maior do que se possa imaginar. Nem mesmo seus guardiões, que já o protegem há milênios, foram capazes de explorá-lo por inteiro e desenhar um mapa completo. Há algumas localizações que valem ser mencionadas, como o Labirinto da Besta e o o Templo do Selamento. Para se locomover, é necessário usar um trem que liga as regiões, pois toda e qualquer alma que se afasta da estrada ou da proteção dos cristais é prontamente consumida por uma enxurrada de espíritos malignos de uma fome insaciável. 

É extremamente importante ter cautela ao se aventurar nas Terras do Além, pois ter sua alma consumida muitas vezes é um destino pior do que a morte, por isso poucos ousam se aventurar e se contentam em cumprir sua sentença até que seja chegado o momento de reencarnar.


CABANA MISTERIOSA

Essa misteriosa cabana serve de morada para uma feiticeira que vive afastada nas montanhas. Dizem que ela é uma Colecionadora de Espíritos, e os mantém afastados dos vilarejos para que eles não incomodem as almas.

A cabana também serve como uma espécie de Observatório que mantém o controle das fendas que ligam os mundos. Qualquer indivíduo de fora que acesse o Unferis causa uma perturbação que é imediatamente identificada pela feiticeira.


sábado, 9 de dezembro de 2023

O meu guia para resenhas de livros

Após trabalhar na resenha de um livro nacional, me peguei pesquisando sobre outras opiniões na internet para saber o que os leitores estavam achado da obra. Conheço gente que diz que ao terminar uma leitura é como se o cérebro imediatamente apagasse tudo, deixando apenas alguns pontos importantes — o livro é bom? É ruim? Ou apenas esquecível?

Em 2015, na primeira resenha que escrevi sobre um livro nacional, lembro de mostrar ao autor que me disse o seguinte: "Essa foi a melhor resenha que já li, e olha que li inúmeras". Eu fiquei pasmo, afinal, eu só tinha escrito o que achei que devia. Listei os pontos fortes e também o que me incomodou, fui sincero em cada linha.

Estamos quase entrando em 2024, e o mundo mudou mais do que eu imaginava nos últimos anos desde que planejei esse post. Se as pessoas antes não tinham paciência para ler postagens de 5 minutos em um blog, hoje elas não aguentam 15 segundos de um vídeo no TikTok. Você é capaz de expressar tudo que sentiu ao ler uma obra nesses poucos alguns segundos ou no limite de caracteres do Instagram? Não sei vocês, mas eu não.
Acredito que todo autor busque aquela pessoa que respire a sua obra tanto quanto ele próprio, e essa é uma das maiores graças ao se ler livros nacionais. Há muitos escritores talentosos por aí, aguardando alguém para compartilhar suas ideias e opiniões, mas as pessoas estão cada vez mais fechadas, buscando com prioridade o conteúdo que já consomem pelo medo de arriscar com algo novo e terminar se decepcionando.

Sendo bem sincero, eu nem sei se as pessoas ainda consomem resenhas em blogs atualmente, mas venho aqui compartilhar esse post que nunca terminei com a esperança de ele ajude alguém no futuro. Quero compartilhar com vocês o que faço quando escrevo as minhas resenhas.

Mas não se engane, isso não é um manual ou uma fórmula para dar certo. É só o que penso que outros autores também gostariam de ouvir.

Então, vamos lá. Se dermos uma rápida pesquisada no Google, podemos nos deparar com a seguinte definição:


Complementando a pesquisa, segundo o site Significados:

Resenha é uma abordagem para a construção de relações entre as propriedades de um determinado objeto, analisando-o, descrevendo-os enumerando aspectos considerados relevantes sobre ele [...] No jornalismo, resenha é utilizado como forma de prestação de serviço, é um texto de origem opinativa que reúne comentários de origem pessoal e julgamentos do resenhador sobre o que está sendo analisado. Para apresentar uma resenha é importante dar uma ideia resumida dos assuntos tratados, apresentar o maior número de informações sobre o trabalho, para dar ao leitor os requisitos mínimos para que ele se oriente.
Bem, claramente uma resenha não é um resumo. O meu maior problema é com as resenhas das pessoas que apenas resumem o que leram, como se estivessem tentando ganhar nota de uma prova na escola. Há tantas coisas que podemos citar ao se falar sobre um livro que vai muito além da história!

INTRODUÇÃO

Comece compartilhando as informações básicas. Arte da capa, escritor, número de páginas, editora e data de lançamento são alguns itens. Se quiser, aqui também entra a sinopse para o leitor já ver se é o seu tipo de leitura. Como é a narrativa? Têm ilustrações? A escrita é simples ou mais rebuscada? Quanto tempo levou para terminar?

Nesta etapa, gosto de falar sobre o trabalho do ilustrador que compôs a capa e se ela conseguiu me fisgar logo de cara. Também dou destaque ao trabalho da editoração, seja na qualidade do material impresso ou da diagramação que também é parte primordial do processo. É melhor ler um livro impresso naquele papel jornal velho ou você paga pela experiência? Conheço gente que só compra livros novos pelo prazer de tirar o plástico do embrulho e sentir o cheiro, às vezes damos até sorte de do autor enviar brindes e mimos de presente.

Hoje em dia a leitura de ebooks vêm ganhando cada vez mais espaço, mas eu não abro mão de segurar um livro e sentir o cheirinho do papel por nada nesse mundo.

PERSONAGENS

Bons personagens constroem uma experiência única com o leitor. Eu costumo separar uma categoria inteira só para falar deles, do protagonista aos secundários que aparecem no caminho, e enfim o inevitável encontro com o vilão. Ou será que a obra não tem vilões? Tudo vale a pena ser mencionado, mas não se esqueça de avisar antes se a resenha tiver spoilers! Muita gente lê resenhas antes de conhecer uma obra, para saber se vale a pena ou não, como se adquirissem um produto na internet.

Quando falo sobre personagens, gosto também de procurar artes que possam ter sido usadas pelo autor para divulgar seu trabalho. Muitos autores acabam sendo responsáveis pelo próprio marketing, e é o máximo poder acompanhar essa trajetória deles em seu perfil. Uma boa resenha merece imagens, elas prendem nossa atenção.

"Não se esqueça também de colocar suas citações favoritas! Como não se apaixonar por aquela frase que te impactou de alguma forma? Isso sempre atiça a curiosidade" — CanasOminous, O Reino de Sellure - 2023.

Sempre gosto de pensar no Legolas que se tornou dos favoritos da galera por sua representação nos filmes de O Senhor dos Anéis em 2001, apesar de que em toda a trilogia ele conversa uma única vez com Frodo: "And my bow!".
Dá pra imaginar como seriam essas grandes histórias sem os personagens mais carismáticos que nos fazem amá-las?

QUAL NOTA DAR PARA O LIVRO?

Eu sempre pensei muito nessa questão. Será que livros merecem nota? Será que precisamos mesmo impor números para o trabalho do outro como se fôssemos críticos consagrados visando destruir a carreira de alguém como Anton Ego em Ratatouille? Às vezes as pessoas se esquecem de que esse conteúdo é entretenimento, mas por terem dedicados horas preciosas da sua vida, sentem que o mínimo a fazer é dizer o quanto aquilo foi uma merda para que outros não passem pelo mesmo. Na opinião individual, claro.

O ser humano tem uma fissura por números desde os tempos antigos. Com a chegada de grandes varejos como a Amazon, o costume de avaliar coisas se tornou ainda mais forte. Mas com livros pode ser diferente, afinal, não estamos criticando uma corporação que visa apenas lucrar com isso, estamos julgando diretamente o trabalho de uma pessoa. Podemos muito bem apontar inúmeros defeitos e ainda apreciar tal obra, porque a experiência que ela nos proporcionou foi pessoal e única. Conheço gente que só lê resenhas negativas, porque se alguém só fala bem da obra, provavelmente é um puxa saco sem opinião.

Se você odiar tudo no livro e desistir na metade, será que vale a pena deixar todo o seu ódio só para que outras pessoas leiam e digam: "É, esse livro deve ser horrível mesmo"? Às vezes isso destrói tudo o que restava de determinação de um artista que já vêm sofrendo tanta desvalorização nos últimos anos — é só questão de tempo até que a IA também comece a escrever livros e ninguém se dê conta.

Sempre que possível, gosto de conversar com os autores e expor como foi me aventurar em sua história, o que pode ser melhorado, mas, principalmente os pontos fortes. Se for para expor uma opinião só para dizer que algo é ruim, prefiro me abster.

Pior do que isso, só quando o leitor diz: "Amei tudo! 2-estrelas."
QUANTO DEVO COBRAR PELA MINHA RESENHA?

Outro dia, observei o bate-papo de alguns escritores a respeito da seguinte questão: deve-se ou não cobrar por uma resenha?

Os resenhistas fazem anotações durante toda a leitura com um olhar mais crítico para cada detalhe, e tiram o próprio tempo para se dedicar inteiramente ao produto que estão consumindo. É um trabalho, afinal de contas, então por que não cobrar por ele?

"Ah, mas o autor do livro já teve o trabalho de escrever e você ainda quer cobrar pra alguém dar opinião?"

Acho que nenhum autor consegue publicar seu livro de graça. Alguém precisou investir nisso, seja através de uma editora ou tirando dinheiro do próprio bolso. O livro é tratado como um sonho por muitos escritores, mas o descaso com que são levados na trajetória tende a esgotá-los. Tente pensar na resenha não como um gasto, e sim, um investimento. É possível contratar profissionais da área, jornalistas ou até influencers para falar da sua obra, pois o alcance deles será enorme.

Faz um PIX aí, por favor...

Mas quando não se é conhecido no mercado, deve-se levar em conta o alcance. Não tem como reclamar se aparecerem resenhistas que só resumem a obra em umas poucas linhas e querem ser pagos, sem mostrar resultados. Ao meu ver, o problema está em cobrar um valor exorbitante de um nicho que mal consegue vender meia dúzia de livros e tirar algum lucro disso. Já caí em golpes de páginas no Instagram que alegaram possuir um alcance de 300 mil visualizações, mas que não trouxeram  absolutamente nenhuma venda. Foi um tremendo desperdício de dinheiro, então sempre pense se o público de quem vai divulgar sua obra é orgânico ou ele não passa de um oportunista.

Se você está querendo escrever resenhas, pense no seu tipo de público e converse com o autor para saber o que ele busca alcançar com tal obra. Os dois lados podem se ajudar. Lembre-se sempre que estamos lidando com pessoas, e muitos escritores colocam todo o seu coração nessas obras.

Nas palavras de Auggie, em Extraordinário:

"Se você tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, seja gentil."



segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Antes do Começo #7 - Curiosidades

O Ralph esteve presente durante grande parte de minha vida. Eu o inventei em 2005 quando tinha apenas 11 anos, e hoje tenho 29. A ideia de que aquelas historinhas bobas iriam virar um livro nunca me passou na cabeça, afinal, eu queria mesmo era fazer um mangá ou uma HQ. O livro como o conhecemos só começou a tomar forma lá para 2014, para só ser publicado em 2019. Então, Matéria é uma coisa relativamente nova na minha vida, mas o Ralph continua sendo a chave que inaugurou esse mundo tão importante para mim.

A verdade é que provavelmente ninguém nunca vai se importar tanto com minhas histórias quanto eu. Escrevo essa postagem como um lembrete das minhas ideias da infância, e às vezes me pego sorrindo ao pensar como evoluí até se tornarem o que são hoje.

Tenho uma avó com Alzheimer, e às vezes me pergunto se há chance de eu desenvolver essa doença. É difícil ver alguém perdendo a memória a ponto de se esquecer quem é, mas livros são instrumentos mágicos, e eu espero que eles estejam aí para lembrar pelo menos que eu estive aqui, eu existi. Já estou em uma idade em que, penso eu, não serei mais capaz de inventar nada grandioso ou inédito. Talvez o Ralph seja a minha última contribuição, o que não é grande coisa. Mas tento me conformar com o que criei, porque essa é a minha história.
A imagem desse convite foi do meu aniversário de 13 anos, e minha irmã fez essa montagem em uma época onde ninguém sabia mexer muito bem com programas de edição. Eu ainda o guardo como um tesouro precioso, e penso que mais ninguém no mundo vai ter uma festa temática de Matéria.

Então, Sr. Canas Ominous do futuro, seja menos duro com você e não se esqueça que fez coisas muito legais. Pode não ser o bastante, mas é o suficiente por ora. Com carinho, 





#1  Curiosidades sobre os Gibis que Ninguém Nunca Leu

Eu cheguei a terminar poucos gibis durante a infância. Por mais que não possuam uma história concisa, eles serviram de base para a personalidade dos personagens e tudo que viria depois. Dá para separá-los em volumes, sendo eles:

  • Vol. 1 - Oráculo dos Gêmeos
    • O primeiro gibi que começou tudo numa tarde de sábado. Contava a história de um garoto que estava curtindo uma música com a garota que gostava, e de repente ela é sequestrada por um furacão (que nem no Mágico de Oz). Ele então sai para resgatá-la, faz novos amigos, enfrenta a sua sombra (que na verdade era seu irmão gêmeo) e se esquece completamente de salvar a amiga.
  • Vol. 2 - Oráculo dos Sonhos
    • Provavelmente a sequência que ninguém pediu. Esse volume é uma viagem total sem nexo, com alienígenas sequestrando Lesten, o retorno de Raegar malvadão repetindo as mesmas maldades, para no fim tudo ser apenas um *pasmem* SONHO!
  • Vol. 3 - O Segredo das Pérolas
    • Essa é a minha história favorita, e a que me lembro de ter colocado mais esforço. Foram meses trabalhando em dois volumes que serviriam de base para o Livro 1 de Matéria. É aqui onde somos introduzidos à Ordem do Selamento e o universo de Sellure como o conhecemos atualmente. É de longe minha história mais importante.
  • Vol. 4 - O Oráculo das Garotas
    • Outra história super esquisita que nunca foi terminada. Basicamente, todos os personagens descobriam que existia uma versão feminina sua, e aqui nasceu Diana e Lydia como as namoradas de Raegar e Raito. Todos os tótines da Ordem também tinham versões femininas, mas elas acabaram sendo descartadas por não passar de um genderbend.
    • Da mesma forma que Auria foi criada para ser o "oposto de Ralph", suas irmãs surgiram como cópias de Dark e Light. Diana se chamaria Darkness, e Lydia seria Lightness.
    • Para a época que foi escrita, foi aqui onde surgiu a versão do Ralph mulher que serviu como base para Half. Particularmente, sinto que isso foi muito à frente de seu tempo.
  • Vol. 5 - O Segredo das Conchas
    • Esta deveria ser a nova grande aventura depois do Segredo das Pérolas. Ralph e seus amigos são pegos por uma tempestade no oceano e acabam indo parar na Ilha das Conchas, um local que ficou parado no tempo e as pessoas ainda vivem como há mil anos atrás. Eles teriam de derrotar um megalodonte gigantesco para libertar os habitantes locais de seu domínio. Ah, e o megalodonte fala! Sendo sincero, teria sido uma história bem legal.
  • Spin-off - A Bruxa de Blér
    • Um gibi completo que era uma cópia de uma história da Turma da Mônica. Eu fazia isso com muita frequência, e acho que aprendi bastante sobre expressões copiando os personagens da turminha. Era só uma comédia divertida, mas ainda aprecio o meu comprometimento em desenhar até o fim.
  • Spin-off - Uma Rede no Meu Quintal
    • Outra história baseada na Turma da Mônica. Foi a primeira a ilustrar apenas os tótines da Ordem. Mais tarde se tornou um Support Conversation pelo qual carrego um carinho especial.
  • Spin-off - A Mansão de Lesten
    • Uma das histórias mais doidas da saga, e talvez a última. Foi baseada em Luigi's Mansion, e o mais surpreendente é que quem desenhava era a Litos, minha irmã mais velha.
    • O protagonista era Lesten, mas Facade também o acompanhava. Depois de ganhar uma mansão por qualquer motivo que seja, eles descobriam que Ralph tinha sido sequestrado por fantasmas. Lesten então vai atrás de seu amigo e acaba descobrindo que todos os outros personagens também tinham sido capturados. Era uma comédia total, e talvez a primeira vez que Lesten mostrou um lado folgado, delinquente e egoísta. Foi um dos meus primeiros personagens a realmente mostrar uma personalidade negativa, por assim dizer.

#2  Curiosidades de antes do livro

  • Por muito tempo Matéria foi chamado de "A Lenda da Espada" ou apenas "RALPH", tudo em maiúsculo.
  • De volta a 2014, o livro teve de ser totalmente alterado porque a história era narrada em primeira pessoa pelo Narrador, um personagem que os acompanhava se disfarçando de outros personagens. Foram excluídos cerca de 25 mil palavras da primeira versão, que contava com 158 mil palavras e 432 páginas sem ilustrações. Grande parte desses trechos perdidos se encontram nas Cenas Deletadas.
  • Uma versão de 2009 foi descartada porque o projeto estava tão ruim que não tinha salvação (isso foi antes de eu descobrir o que eram fanfics). A história começava com Ralph e seu besouro de estimação chamado Jujuba e alcançou somente 14 páginas ( o que na época parecia muito).
  • Quando criança, eu insistia em começar minhas histórias das partes que eu mais queria escrever, ignorando completamente o início. Imagine como seria uma trama se eu pulasse diretamente para a guerra que acontece no Livro 3. Sim, foi isso que eu fiz. Ficou horrível, e por isso guardo esse arquivo nas profundezas do meu notebook. O título seria The Battle for Minas Tokay.
  • Quando criança eu juntei todos os capítulos do gibi O Segredo das Pérolas e fotografei cada quadro para montar um pequeno curta-metragem no movie maker, com direito a efeitos e trilha sonora. Infelizmente tais arquivos se perderam há muitos anos.
  • Uma das maiores fontes de inspiração para a trama das Pérolas Sagradas foi Paper Mario 64. Você pode perceber a seguinte sequência dos guardiões: Bill, Tootie, Elma, Bernard, Aedan e Elice fazem alusão aos chefões do game — Koopa Bros, Tutankoopa, Tubba Blubba, General Guy, Lava Piranhae Crystal King.

#3 – Curiosidades sobre os Personagens

  • A primeira letra do nome dos integrantes do grupo de Ralph formam o seu nome — R.A.L.P.H. (Ralph, Auria, Lesten, Peter Lee e Hayley).
Esta é a origem do nome dos personagens principais:
  • Ralph – É o nome do aventureiro que protege Nayru em The Legend of Zelda: Oracle of Ages;
  • Auria – Como o nome original da personagem era Aleafar, eu queria que ela começasse com a letra A. Acabei escolhendo Auria por puro gosto, e gostei de seu significado como "coberta de ouro", uma alusão ao seu berço de ouro na Família Mercer;
  • Lesten – É provavelmente o nome mais difícil de dar uma origem. Eu sinceramente não me lembro de onde surgiu, nessa época eu gostava de inverter nomes de trás para frente e misturar letras, mesmo assim, Netsel não me remete à nada;
  • Peter Lee – Seu nome original seria Brandon ou Brendan, mas como Brandon Lee é o nome do falecido ator filho de Bruce Lee, optei por alterar;
  • Hayley – Ela foi criada especialmente para os livros, mas inicialmente seria um gecko marginal parceiro de Lee nas ruas. Quando decidi que uma personagem mulher que atuasse como curandeira e fosse doce e gentil equilibraria mais o grupo, acabei escolhendo Hayley por conta da cantora Hayley Williams, vocalista do Paramore que era a banda preferida da garota que eu gostava na época da escola.
  • Quando criados inicialmente, a Ordem do Selamento era composta por sete integrantes. Elice guardaria a última pérola — mais tarde ela foi incluída junto de Aedan — mas a sexta pérola seria protegida por um tótines chamado Theodore.
  • De acordo com o Grande Livro das Anotações Irrelevantes, o sobrenome de Ralph seria Aurion. Já em Matéria, o seu sobrenome nunca é citado.
  • Auria começou a mudar drasticamente como personagem entre 2013 e 2014, onde depois de passar anos escrevendo o Aventuras em Sinnoh eu finalmente aprendi a escrever mulheres. Foi um longo aprendizado, e eu me orgulho muito de ter chegado no ponto de Auria se tornar uma das personagens favoritas dos leitores.
  • Nos gibis, Lesten recebeu a sua cicatriz após enfrentar um verme gigante que mais tarde se tornaria os Aukalaka no livro. Mas a cicatriz hoje é tão irrelevante que até eu me esqueço dela. Já outra versão — que supostamente seria a oficial para o livro — Lesten estaria brincando com seu irmão quando bateu a cara em uma árvore. Ele então passa a mentir que a conquistou enfrentando um monstro gigantesco.
  • Nos primeiros planejamentos o sobrenome de Auria seria Melody. E nas palavras do Grande Livro das Anotações Irrelevantes: "ela sonha em tornar-se a princesa que é salva pelo príncipe encantando. Ela cozinhava bem e usa um arco de madeira". Bem parecido com a versão atual, não acham?
  • O nome dos irmãos de Ralph seria Dark e Light. Dark tornou-se Raegar, e Light virou Raito. Os três agora começam com a letra R.
  • Facade inicialmente era um dos três companheiros mais importantes de Ralph. Um dos planos originais era que ele continuasse a acompanhar o garoto pelo mundo viajando em seu bolso, mas não haveria muita serventia em tê-lo por perto. Sem contar que nos gibis ele era gigantesco, um rosto flutuando de mais de dois metros!
  • Kitani, a gata de Raegar, seria uma importante personagem e uma de suas abençoadas. Ela tinha o poder de se transformar em uma garotinha humana com poderes mágiocos. Não sei dizer por que ela foi descartada, mas até que seria uma boa ideia para um support!
  • A Profª Clover inicialmente seria uma das principais companheiras de Ralph. Ela era uma feiticeira de 15 anos, mimada e insegura, filha de pais ricos e influentes que sonha em fugir de sua mansão e viver grandes aventuras. Ironicamente, este se tornou o plot de Rebecca no Livro 2.
  • Na época dos gibis, Aedan (ou Firetines como era conhecido) na verdade era mudo. Mas antes disso ele foi um dos primeiros tótines a ter sua própria personalidade, ganhando a reputação de alguém respondão e arrogante, mas isso rapidamente fez com que meus amigos gostassem dele.
  • Um dos grandes vilões da história seria uma das sombras de Ralph chamada Revenge Sinner. Ele seria o vilão final do Arco do Unferis. Revenge era literalmente uma cópia de Ralph que deu errado e fugiu do escritório do Narrador, buscando uma maneira de substituí-lo como protagonista.
  • Rudsi teve diversos nomes antes de voltar para Rudsi, que foi a escolha preferida desde o começo. Dentre as opções estavam Whisper, o Fantasma Rei, Wizard-Tokay King, além de Witikay, Steamko e Benton.

domingo, 26 de novembro de 2023

Antes do Começo #6 - As Inspirações de Matéria

É muito comum no meio artístico que as pessoas se comparem, ainda mais quando encontramos algo semelhante àquela música, jogo ou história que apreciamos tanto. Alguns devem se lembrar de quando Genshin Impact foi lançado em 2020 e a internet inteira dizia que era só uma cópia barata de The Legend of Zelda: Breath of The Wild com waifus fofinhas, mas o tempo passou e a coisa toda evoluiu de uma forma que não seria exagero dizer que Genshin e a desenvolvedora MiHoYo se tornaram um dos nomes mais rentáveis na indústria de games, com lucros superiores à da Sony, EA e Embracer.

Então, no fim das contas, Genshin foi mesmo uma cópia de Zelda?
A resposta é que por mais que alguns elementos possam ter sido inspirados durante o desenvolvimento, ele se tornou autêntico o bastante para que uma legião de fãs continuasse jogando e elevando seu nome a um novo patamar.

No meio literário, já me deparei com inúmeras resenhas que acusavam outros escritores de copiarem descaradamente seus livros favoritos
"— Ah, esse livro é só uma cópia descarada de Percy Jackson."
"— Tem magia? É Harry Potter e ponto final."
"— Uau, um grupo de aventureiros explorando o mundo? Isso é TÃO Senhor dos Anéis."

Quando pensamos nas grandes obras e autores, elas se tornaram mundialmente famosas talvez por terem sido as primeiras a abordarem um determinado assunto e com maestria. No fim das contas, é praticamente impossível escrevermos algo 100% inédito, até porque leitores adoram o senso de familiaridade e existem padrões como o da Jornada do Herói que sempre funcionam quando bem trabalhados. O segredo não está em criar algo jamais visto, e sim, em como elaborar isso de forma autêntica. Será que o mundo precisa dessa história que você vêm pensando a vida toda e quer colocar no papel? Ou vai acabar sendo mais do mesmo? Eu com toda certeza não tenho a resposta para tudo, mas sei que nos inspiramos naquilo que apreciamos, tal como a descrição que usei no topo dessa postagem:

"Inspiração: processo que faz com algo que nasça do coração, no espírito, no pensamento".

Nesta postagem eu venho compartilhar com vocês algumas das inspiração que me lembro de ter tido enquanto criava Matéria lá em 2005, quando eu tinha apenas 11 anos.

THE LEGEND OF ZELDA: ORACLE OF AGES

Sem sombra de dúvidas, Matéria não existiria sem Zelda, mais especificamente esse título que foi lançado para o Game Boy Color em 2001. Talvez a mais notória comparação seja que nosso protagonista Ralph também é um personagem chamado Ralph com seus cabelos avermelhados no jogo. Ele é o guardião de Nayru, o Oráculo das Estações — que nos livros deveria ser o cargo de Auria, só que nos meus primeiros gibis ela não passava de uma dama a ser resgatada, tão sem importância que Ralph se esquecia dela no fim da jornada. Há também a presença dos Tokay, que serviram de inspiração direta para os gecko, assim como Facade que no começo era um dos principais companheiros de Ralph.


RAGNARÖK ONLINE

Toda criança dos anos 2000 que frequentava lanhouses já deve ter escutado falar sobre Ragnarök em algum momento da vida. Um dos maiores MMORPG de seu tempo, esse jogo lançado em Fevereiro de 2002 foi a base do imaginário de uma geração inteira que ainda vivia com internet discada e precisava ler tutoriais em revistas de banca.

Monstros extremamente criativos, um sistema de cartas, quests, grandes cidades marcantes, classes de personagens... Ragnarök deve ter sido a minha porta de entrada para o mundo dos RPGs, magia e muito mais. Por mais que tenha sido lançado numa época próxima à Senhor dos Anéis, enquanto a grande obra de Tolkien ainda parecia ser de difícil leitura para um garoto como eu com seus 10 anos, foi Ragnarök quem deu a largada naquilo que eu viria a me tornar.

Antes mesmo de Matéria, existia uma história chamada O Diário do Capitão Canas que era inteiramente baseada em Ragnarök, e foi ela quem me serviu de base para eu começar a escrever fanfics. Depois veio o Aventuras em Sinnoh, e o resto é história.


PAPER MARIO

Paper Mario 64 é o jogo da minha vida. Vinte e três anos depois, se alguém me pedir para desenhar o mapa eu conheço cada personagem, segredo e detalhe do cenário. Servindo como base para o plot de meu gibi mais importante, O Segredo das Pérolas carrega muitos elementos desse amado jogo.

Os tótines são uma adaptação de quase todos os chefões das fases. Começamos por Bill, que mexe com explosivos assim como os Koopa Bros.; depois vamos para um deserto enfrentar Tuntakoopa que seria a Tootie; o terceiro difere um pouco, mas Elma carrega alguns elementos da assustadora Forbidden Forest; depois temos o Capitão Bernard, baseado no General Guy; depois Aedan que é visto a primeira vez num vulcão como a Lava Piranha e enfim sua irmã, Elice, que controla o gelo como King Crystal. Ufa! E isso é só o começo, jogar Paper Mario no 64 é como se aventurar pelo universo de Sellure que sempre imaginei, sempre nostálgico, colorido e divertido.


FIRE EMBLEM

Fire Emblem é outro título da Nintendo que está no meu imaginário desde 2003 quando o título foi lançado pela primeira vez no ocidente para o Game Boy Advance.

O primeiro livro de Matéria começou a ser escrito em meados de 2013 e 2014 se não me engano, e foi bem nessa época que houve um renascimento da franquia com Fire Emblem Awakening. Muito da relação de Ralph com o Narrador surgiu baseado em Chrom e Robin, seu avatar jogável.

Ainda hoje, FE é um dos meus jogos favoritos na vida, tanto que estou jogando Fire Emblem Heroes para o celular desde 2017, o que já totaliza... meu Deus, são 7 anos jogando essa merda. Estou ficando velho...


MAS E OS LIVROS?

Se você escreve livros, não deveria estar se inspirando em livros para criar suas histórias?
Não necessariamente. Eu acho que parte da graça de Matéria é que ele não se parece em nada com um livro, então não tive absolutamente nenhuma inspiração de Harry Potter, Percy Jackson e outras obras famosas. Olhando para trás, até mesmo Senhor dos Anéis tem uma escrita muito diferente da minha, e hoje percebo que apesar de ser um grande fã da obra, eu não a uso como minha maior referência. Pelo contrário, compartilho apenas de seus valores que levo na vida.

Mas, falando sobre valores, há três obras totalmente inesperadas que serviram de inspiração para o que eu viria a construir. A primeiras delas foi...

DELTORA QUEST

Deltora Quest é uma série de livros escrita pela australiana Emily Rodda, foi lançada no Brasil em meados de 2005, bem no período onde Matéria estava nascendo. Apesar dos livros não serem tão famosos hoje em dia, foi uma das primeiras sagas completas que minha irmã ganhou de aniversário — exceto pelo último volume —, e eu achava as capas um verdadeiro espetáculo.

Quando fiquei mais velho e já tinha meu próprio dinheiro, corri atrás desse volume que faltava e comecei a ler a saga. A história é simples, com livros curtos que carregam apenas aventuras genéricas dos personagens enquanto eles vão atrás de pedras para compor o Cinturão de Deltora (isso também teve influência na busca pelas Pérolas Sagradas!).

Outra coisa que eu me amarrava em Deltora é que todo livro tinha algum enigma e um ambiente a ser explorado. Florestas mágicas, lagos assombrados, cidades abandonadas, labirintos; a série é de uma criatividade enorme e eu ainda recomendaria Deltora para qualquer jovem que esteja se iniciando no universo da leitura.

O PEQUENO PRÍNCIPE

Quando li O Pequeno Príncipe pela primeira vez lembro que as pessoas ainda usavam a frase preconceituosa de que era um livro para "modelos burras". Eu nunca entendi o porquê, pois se trata de uma história tão doce e com uma mensagem atemporal, tanto que até hoje figura em qualquer livraria que você passar.

Matéria não teve influência direta do livro de Antóine de Saint-Exupéry, porque eu o li pela primeira vez muito tarde. Mas não dá para negar que toda a inocência de Ralph é um reflexo disso, ele está sempre atrás de experiências ao lado das pessoas, e não necessariamente se aventura em busca de um objetivo singular — como o encontro com a Rosa que era tão pretenciosa ou da raposa que estará lá sempre a esperá-lo.

O MÁGICO DE OZ

"Se caminharmos bastante, em algum momento chegaremos a algum lugar, eu tenho certeza."

Talvez a mais inesperada inspiração de Matéria esteja nO Mágico de Oz. Há uma sutil referência no Livro 1 na cidade de Bausonne, onde os protagonistas passam por uma estrada de tijolos amarelos em sua estadia.

Muitos podem não saber, mas O Mágico de Oz foi um dos primeiros contos de fada americanos, tendo sido lançado em 1940. É uma clássica Jornada do Herói, com Dorothy fazendo de tudo para sair daquele mundo tão estranho e colorido para voltar até seu Kansas, cinza e sem graça

E o mais engraçado é que um dia eu tracei um comparativo e percebi que o Ralph tem muito da Dorothy, como a protagonista esperançosa que deseja encontrar um poderoso mago.
Ao seu lado temos Lesten, que é literalmente um espantalho sem cérebro que não acredita nas próprias capacidades.
Depois vem a Auria, o homem de lata que acredita não ter um coração, mas a amizade e o companheirismo preenchem o lugar que falta.
E por último, Lee e Hayley são o Leão, que está sempre fugindo de seus problemas.

Quem sabe no futuro também não haja pessoas que se inspiraram em Matéria enquanto escrevem suas histórias?

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